A obsolescência programada é uma das maiores armadilhas da era digital — e o Windows parece ter feito dela uma arte. Foi justamente essa sensação de desgaste constante que me levou a buscar liberdade no Linux, mais especificamente no Linux Mint, um sistema que resgata a leveza e o controle que o usuário perdeu nas últimas versões do sistema da Microsoft.
Por anos eu usei o sistema que vinha instalado, como quem aceita imposto ou horário eleitoral da TV aberta.
Usei o RuiWindows, essa máquina de adestrar gente: ele te vigia, pisca janelas inúteis, tenta empurrar uma IA assistente na marra — tipo o tal do Copilot, que mais parece babá eletrônica da Microsoft do que ferramenta.
E quando você menos espera, ele trava no meio do expediente e implora pra reiniciar pra “instalar atualizações importantes”.
Importantes pra quem, exatamente?
Até que um dia desliguei a máquina, botei o CD do Linux Kurumin que eu tinha comprado numa banca de revista lá atrás em 2003 ou 2004 — e nunca mais parei.
Foi o estalo. O primeiro passo fora da fazenda digital.
Desde então, testei de tudo: Lubuntu, Puppy, Bodhi Linux, MX Linux, Debian, AntiX…
Mas quando quero praticidade e o sistema todo pronto pra uso, sem precisar montar cada pedaço, vou de Mint com XFCE.
Simples, direto e eficiente — como o som de uma banda punk que sabe três acordes, mas toca com alma.
1. Linux, O Código Aberto e o Fim da Edição Corporativa
O software fechado é um filme da Marvel: o roteiro vem pronto, com piada no tempo certo, cor calibrada e moral corporativa no final.
Você só assiste, nunca participa.
O Linux é o oposto: te entrega o roteiro bruto, as cenas cortadas e a liberdade de mexer em tudo.
Quer reescrever o final? Pode. Quer compilar sua própria versão? Vai fundo.
O código é seu — ninguém te obriga a seguir o manual da obediência digital.
No mundo das “caixas-pretas”, o Linux é o último reduto de transparência.
É cinema cult com câmera tremendo e verdade saindo pelos poros.
2. O Cativeiro dos Programas e o Sagrado Desbloqueio
Durante anos, trabalhei como webdesigner e era obrigado a usar o “RuiWindows”.
Não por gosto — por dependência dos tentáculos do Império Adobe.
O Photoshop era o centro da religião digital.
E o CorelDRAW, esse dinossauro de interface arcaica e política cretina, lançava nova versão todo ano — com arquivos que não abrem na anterior, só pra te manter comprando eternamente.
Corel 22, 23, 24… o mesmo programa com uma coleira mais apertada.
Hoje me livrei desses estorvos.
Uso GIMP e Inkscape.
São leves, honestos, livres — não tentam sugar minha alma nem meu cartão.
E o que não fazem por “recursos”, compensam com dignidade digital.
3. A Revolta do Core i3
O meu notebook tem dez anos.
Um Core i3 de segunda geração, 8GB de RAM, comprado na época em que as coisas ainda tinham botão físico.
Pros sistemas de grife, ele já deveria estar aposentado ou virado sucata.
Mas com o Linux Mint XFCE, ele roda limpo, rápido e sereno.
Faço meus sites, testo sistemas, escrevo textos, emulo jogos antigos — e o bicho nem esquenta.
Enquanto a galera se endivida pra rodar o Windows 12 com Copilot e 200 processos de fundo, eu sigo aqui, liso, com uma máquina que simplesmente funciona.
O segredo? Desligar o luxo, acender o essencial.
4. A Delícia de Estar Fora da Versão
O mundo quer te vender atualização como se fosse iluminação.
Mas a verdade é simples: o que eles chamam de progresso é só a velha ganância de cara nova.
A cada nova versão, você perde um pouco mais de autonomia — e ganha mais rastreamento, mais dependência, mais ruído.
Eu prefiro o contrário:
Prefiro o sistema que não conversa comigo, que não me avisa de nada, que só me deixa em paz pra criar.
Prefiro o silêncio do Mint à tagarelice digital da Microsoft.
Prefiro o atraso funcional à modernidade burra.
Obsolescência programada?
Talvez.
Mas o meu computador velho continua firme.
E, principalmente, meu espírito não precisa de atualização.
Nota de rodapé do Véio Digital
Escrito em 2025, num Core i3 de segunda geração com 8GB de RAM, rodando Linux Mint XFCE.
Nenhuma IA corporativa, Copilot, telemetria ou “assistente de produtividade” interferiu neste texto.
Apenas café, teclado velho e liberdade.
Links open source
- Site oficial do Linux Mint
- Artigo clássico de Richard Stallman: O Direito de Ler
- GIMP – Editor de imagens livre e poderoso
- Inkscape – Ferramenta vetorial open source
- Canal Diolinux no YouTube
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